Com respeito às pessoas que apreciam resoluções de novo ano, Silke Buss dedicou o primeiro artigo, em 2024, da sua coluna mensal “Prevenção e Mediação de Conflitos” ao aperfeiçoamento da comunicação. O artigo, que saiu na Vida Económica de 5 de janeiro, explica como identificar e comunicar para os diferentes perfis – aliás, um tema fundamental das nossas ações de formação.

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Prevenção e Mediação de conflitos
Resolução 2024: Conseguir comunicar para os diferentes perfis

Não gosto de resoluções de ano novo. Não me lembro de ter alguma vez definido um comportamento diferente com início a 1 de janeiro. Porquê esperar? Quando nos ocorre uma melhoria ou uma mais-valia para o nosso dia a dia e chegamos à conclusão de que a queremos colocar em prática, o ideal e natural, para mim, é avançar de imediato. Assim se aproveita a felicidade da descoberta e a energia positiva que gera. No entanto, as pessoas são diferentes e o que conta é o resultado, ou seja, a capacidade de identificar e implementar novos hábitos no quotidiano. Portanto, este artigo é para todas as pessoas, com ou sem resoluções para 2024, que queiram melhorar a sua comunicação e, assim, aumentar o seu bem-estar e sucesso no trabalho e a nível particular.

As pessoas são, de facto, diferentes. Já refletiu sobre a recomendação de pagar algo na mesma moeda? Esta lei popular de retorno parte do princípio de que todas as pessoas são iguais, partilham as mesmas necessidades, os mesmos valores e o mesmo foco, mas não é nada assim. Os indivíduos são diferentes e a consciência disso é o fundamento de uma comunicação bem-sucedida. Identificar as necessidades base num/a interlocutor/a e tomá-las em consideração na comunicação é a chave. Lembra-se de um colega que explica, com toda a calma, tudo ao pormenor ou de uma colega que costuma interromper rapidamente com perguntas diretas ou de um colega que se entusiasma e salta vivamente entre temas ou de uma colega que tenta acalmar e manter a equipa unida quando surgem divergências? Eis os quatro perfis. Cada elemento da equipa exprime a sua necessidade principal através da sua comunicação corporal, verbal e para-verbal (melodia, ritmo, pausas e volume). O primeiro procura regularidade e segurança, a segunda resultados e reconhecimento, o terceiro novas experiências e diversão e a quarta integração e harmonia. Se pedíssemos aos dois colegas e às duas colegas para complementar, de acordo com o seu lema, a frase “Se é para fazer”, o primeiro diria “é para fazer bem”, a segunda diria “eu faço melhor e mais rápido”, a terceira diria “eu vou fazer diferente” e a quarta diria “é para fazermos juntos”.

Naturalmente, as pessoas costumam ter todas as quatro necessidades básicas, contudo com proporções variáveis, que, por sua vez, podem variar consoante o contexto, a fase de vida etc. Mas vamos manter as coisas simples. Como temos então as quatro necessidades em nós, é “apenas” preciso ativar a necessidade em comum com a pessoa com quem comunicamos. Chamamos isso rapport e há quem aprenda a estabelecer esta empatia naturalmente na sua infância e se torna o/a tal comunicador/a nato/a. Quem não teve esta sorte, pode aprender a ler a comunicação corporal, verbal e para-verbal passo a passo. Como identificar as quatro necessidades? Eis alguns indícios: Uma pessoa que procura estabilidade e segurança costuma ter uma linguagem corporal reduzida e utiliza um vocabulário de planeamento, estrutura, análise e regras em frases longas e interligadas. O seu discurso parece distante. Uma pessoa que procura resultados e reconhecimento costuma destacar-se por uma comunicação corporal de presença e ação, um discurso focado e conciso, com o seu ego bem presente e com um vocabulário direcionado e de alcance de objetivos. Uma pessoa que procura novas experiências e diversão deixa-se identificar através de uma comunicação corporal, verbal e para-verbal expressiva. O seu discurso é pessoal, próximo e emocional com vocabulário variado, criativo e frases por vezes inacabados. Salta entre temas e defende o novo pelo novo. A pessoa que procura harmonia e integração costuma exprimir esta necessidade com um discurso envolvente, social e compreensivo, na primeira pessoa do plural e com um vocabulário de equilíbrio, equipa e ligação. A comunicação corporal é suave e inclui o toque.

Se se lembrar das Festas e visualizar algumas cenas, consegue identificar as necessidades dominantes dos seus familiares? Quer experimentar? Poderia ser o início de uma comunicação mais consciente e mais bem-sucedida. Lá está, para quem gosta de resoluções, seria uma excelente resolução para 2024. O que é que lhe parece?