Chamar o pai pelo nome na empresa? Que ideia genial! O efeito positivo para o bom clima de trabalho é impressionante. Esta e outras regras estabelecidas entre um pai e o seu filho-sócio para prevenir conflitos são o tema do novo artigo de Silke Buss no âmbito da coluna “Prevenção e Mediação de Conflitos”. Foi publicado na Vida Económica de 29 de setembro de 2023.
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Prevenção e Mediação de conflitos
Na empresa, o filho continua Miguel, mas o pai torna-se Carlos
A resposta surpreendeu-me. Que solução simples e genial! Que base ideal para um relacionamento de respeito mútuo. Queria saber de um amigo de negócios como conseguia encarar e tratar o seu filho como sócio e colega. “Na empresa, o meu filho chama-me pelo nome, enquanto em casa continua a chamar-me pai. O facto de ele me chamar Carlos tem um efeito forte sobre mim. Funciona como lembrete: Atenção, este jovem que está a falar contigo é teu sócio e merece todo o teu respeito.” Para separar as águas ainda melhor, combinou com o seu filho que, no trabalho, falassem só inglês. Desde o primeiro dia, aplicaram então as duas poderosas ferramentas de comunicação, o tratamento ao mesmo nível e a utilização de um idioma diferente, para criar um clima de trabalho de parceria. Desta forma, deixaram em casa o histórico da sua relação, com os vários padrões e crenças e focaram-se no seu novo relacionamento como sócios com partes iguais na empresa. Reset!
Parece fácil, mas não é. É um caminho, é uma aprendizagem no dia-a-dia, facilitada pela excelente fórmula de sucesso definida no início – nomes + inglês – e alimentada pelo constante foco no objetivo, pela consciência dos próprios padrões e crenças e pela forte vontade dos dois de conseguirem colaborar bem um com o outro. Queria saber como funcionava a colaboração na prática. Têm debates? “Todos os dias”, disse o Carlos. Diferentes opiniões? “Na maioria das vezes.” Conflitos? “Até agora, nenhum. E já trabalhamos juntos há seis anos.” Mesmo assim, ou seja, sem divergências, o Carlos e o Miguel fizeram-me imaginar dois mediandos que estavam a pôr em prática o acordo que tinham definido numa mediação de conflitos. Pai e filho acreditaram na solução encontrada para uma colaboração bem-sucedida e fizeram de tudo para a executar bem.
No fim de uma mediação, a motivação das pessoas de implementar a solução encontrada é semelhante. Aliviadas e, em geral, com orgulho e/ou satisfação por terem sido elas próprias a conseguir ultrapassar as divergências e chegar a um acordo, costumam sentir-se cheias de energia positiva e de vontade para respeitar os vários compromissos desenvolvidos em conjunto. Tal como o Carlos e o Miguel, colocam todo o foco na nova fase de relacionamento e convívio que começa com a assinatura do acordo. Durante as cinco fases da mediação de conflito conseguem fechar um capítulo e preparar outro. Também encontram a tecla reset. É por essas caraterísticas únicas que a mediação é considerada o método de resolução mais sustentável. As partes em divergência tornam-se parceiras na concretização do acordo. O sucesso depende de todos os elementos envolvidos, tal como no exemplo dos sócios. O Carlos e o Miguel definiram regras de comunicação para se influenciar a si próprios e prevenir conflitos. They have put themselves in the right mindset.