Sempre pensei que tinha uma boa direita. Forte, determinada e precisa. Tive esta convicção desde miúda, durante décadas… até ao fim de semana passado. Jogadores do torneio internacional de ténis em Cascais, depois de assistirem à minha final, recomendaram-me a melhorar precisamente essa minha boa direita. Será que não é tão boa como eu pensava? Será que não estou a explorar o meu potencial na íntegra? Dois dias depois pus em prática o conselho e gravei um treino. Fiquei impressionada com o resultado – vi que há de facto muito potencial – e fiquei ainda mais espantada com a minha atitude convencida. Como é possível eu nunca ter avaliado a minha ilusão, nunca ter comparado a imagem subjetiva com a imagem objetiva? Eu que realizei dezenas de media & presentation trainings, primeiro como formanda e depois como formadora. Temos tanto potencial e a câmara revela-nos onde.
A câmara é um meio ideal para tomar consciência e melhorar a nossa performance. Permite-nos experimentar coisas novas – um gesto diferente, um sorriso mais aberto, uma postura mais direita… – e visualizar imediatamente o efeito. Se gostarmos, entra no nosso repertório, se não, fica de fora e continuamos a experimentar. A câmara é a nossa parceira que nos espelha os progressos. Para conseguir falar bem em público é um instrumento essencial. O mais fascinante é que cada um pode aprender a ser um grande orador, um que comove o público, que consegue atingir as pessoas e transmitir os conteúdos. Custa acreditar? Eu própria estava convencida de que havia casos perdidos, pessoas que nunca iam conseguir superar a sua insegurança em palco. Conhecia um gestor assim. Olhos fixados no papel, a ler, com a voz quebrada, a suar, a tremer e aparentemente a sofrer imenso, e nós, o público, a sofrer com ele. Durante anos este gestor falou assim. Um belo dia tudo mudou. Ele surpreendeu com uma voz firme, um sorriso nos lábios e um discurso solto. Estava à vontade e até – e é isso que torna um orador agradável – tinha prazer em falar em público. Depois dei-lhe os parabéns e perguntei-lhe como tinha conseguido. Fez 12 media & presentation trainings em dois anos. Afinal, não era um caso perdido.
Falar em público é um desafio. É uma situação excecional e complexa que exige foco e descontração ao mesmo tempo. A base de sucesso é sempre uma boa preparação. Quem é o meu público, quanto tempo tenho, qual é o contexto, quem fala antes, quem fala depois – eis algumas das questões essenciais. Durante o discurso é preciso concentrar-se no conteúdo, no público e no controlo do tempo ao mesmo tempo. As reações do público ajudam a adaptar o discurso, já que um bom discurso tem sempre uma dose de espontaneidade. Com a experiência, cada discurso corre um pouco melhor. Quem quiser abreviar a fase inicial e sentir-se logo mais à vontade em público, aposta em treinos. A câmara dá-nos confiança, pois confirma a nossas boas bases e encoraja-nos a aperfeiçoá-las e a trabalhar as fraquezas. E é isso que vou fazer com a minha direita agora para ganhar a próxima final.
Silke Buss, PhD
Managing Partner