Transmitir as vantagens da mediação para o bem-estar no trabalho e assim para a economia – este é o objetivo da nova coluna de Silke Buss na Vida Económica. Eis o primeiro artigo, publicado no suplemento Vida Judiciária da Vida Económica de 30 de julho de 2021 e na versão online.

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Mediação de conflitos
Conflitos no trabalho são como areia na engrenagem

São desgastantes, desmotivam e criam mau ambiente: Conflitos no trabalho são um perigo para o workflow e o bom clima dentro da equipa. Têm um efeito de travagem como areia numa engrenagem e levam a uma perda de produtividade de 20 a 30 por cento. Soa grave? É. Os conflitos, tanto os abertos como os escondidos e subtis, são mesmo para levar a sério, já que, tal como a areia na engrenagem, não desaparecem por si só. Também os conflitos têm de ser desmontados e lubrificados para eliminar ou reduzir o atrito e tudo voltar a fluir. É precisamente isso que fazemos na mediação. De forma confidencial, em conjunto com as pessoas em divergência, desmontamos e analisamos todos os componentes para identificar aqueles que estão na origem do conflito. Desmontamos as situações e os comportamentos interpretados como hostis e vemos que outros significados poderiam ter. Um conflito agrava-se em várias fases e tolda, cada vez mais, uma visão racional e realista. As emoções ficam em alta. Com o tempo até se perde o foco positivo: A pessoa em conflito quer prejudicar o adversário ou a adversária a todo o custo, mesmo que isso lhe cause desvantagens ou perdas.

Na mediação, transformamos energia negativa em positiva. O mediador ou a mediadora conduz pelas cinco fases de uma mediação. Tal como no coaching, tudo está focado na solução: no futuro em paz. Onde queremos chegar? Como queremos colaborar e conviver no futuro? As próprias pessoas em conflito vão encontrar uma resolução e elaborar um plano detalhado de realização. Esta característica, de serem as próprias pessoas a resolver o seu conflito, é única na mediação e é por isso que a mediação é considerada o método mais sustentável entre os métodos extrajudiciais. Outro ponto fortíssimo é o facto de serem puxados para a superfície os verdadeiros objetivos, necessidades, desejos, medos e preocupações. Desta forma, a relação entre os/as colegas recebe uma nova base, uma base sólida e propícia.

Quem já realizou uma mediação, compreende por que se fala em “magia”. Surpreende e impressiona como, por exemplo, um diretor e um colaborador conseguiram pôr fim ao conflito que tinha complicado a colaboração e o bem-estar entre eles durante cinco anos. Na mediação, depois de cada um pronunciar o seu desagrado sobre o outro e as inúmeras injustiças sofridas, descobriram afinal valores e objetivos em comum, exprimiram o que esperavam do outro e o que iam mudar. Conseguiram identificar fatores nocivos – horários, excesso de trabalho, etc. – e encontraram melhorias e acordaram compromissos. Ao assinar o seu acordo de mediação, ficaram a ganhar os dois, o que também é especial na mediação. Em tribunal uma parte interessada vence e a outra perde… e o conflito relacional continua. Pelo contrário, na mediação todas as partes ficam a ganhar. A mediação cria paz geral. Por isso, é o melhor método para as situações em que as pessoas em conflito querem ou têm de continuar a conviver.

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